Na era das redes sociais, dos “shorts” no Youtube e das opiniões rapidamente formadas e alimentadas pela “bolha” em que nos movemos, é urgente educar no sentido contrário à polarização. Para tal, no Colégio, promovemos iniciativas que desenvolvam o espírito crítico, o respeito pelas opiniões contrárias e o aprofundamento dos temas na busca da verdade.
Logo no 7.º ano, por exemplo, os alunos começam a ter contacto com estratégias de debate organizado, nas tardes Magis. Ao longo de várias semanas, desenvolvem técnicas de desinibição, oratória e pesquisa, preparando-se para sessões de debate onde têm de argumentar relativamente a questões polémicas. Mais tarde, no 9.º ano, são convidados a assistir a certas eliminatórias do concurso de debates do Secundário, ouvindo os argumentos a favor e contra cada tese e percebendo que há vários lados a ter em conta na análise de cada questão.
No 9º ano, ainda, podem já fazer parte do clube MUN (Model United Nations), onde começam a abordar temáticas mais complexas e a debatê-las, assumindo o papel de países que defendem moções nas Nações Unidas. Este clube continua depois, no Secundário, onde as oportunidades para desenvolver estas competências se alargam ainda mais.
Por exemplo, nas últimas duas semanas, um grupo de alunos do clube MUN deslocou-se a Viena de Áustria, à sede das Nações Unidas, onde participou numa conferência internacional com cerca de 500 jovens de dezenas de países diferentes. Nessa conferência, assumiram o papel de países da ONU envolvidos em acesos debates acerca de problemas da atualidade, no contexto de diferentes comités, da OMS ao ACNUR.
Neste tipo de conferências, o processo de pesquisa acerca das prementes problemáticas discutidas e da posição assumida pelos países representados, quer ao longo da História quer no presente, a que se segue a participação emocionante em debates acalorados, leva os alunos a compreender as dificuldades da diplomacia, a importância das negociações e o objetivo de chegar a um acordo onde se acautelem as perspetivas e os interessas de todos os envolvidos.
Complementarmente, cá no colégio, na semana seguinte à conferência de Viena, teve lugar a primeira eliminatória do anual Concurso de Debates, na qual, perante todos os alunos do secundário, oito equipas debateram teses polémicas acerca de questões como o conflito de Gaza, a descida do IVA das touradas, a política da imigração em Portugal e a emergência climática.
Segundo as regras deste concurso, as equipas tiveram que preparar argumentos a favor e contra a tese que lhes calhou e só no momento do próprio debate souberam de que lado tinham que estar. Alunos que já tinham uma posição pessoal formada tiveram de olhar para o seu tema de um outro ponto de vista, reconhecendo a razoabilidade e a pertinência de argumentos contrários àquilo que sempre tinham pensado. E toda a plateia pôde crescer, não só em termos de cultura geral, como de capacidade de escuta, respeito e pensamento crítico.
Que estas iniciativas continuem a formar cidadãos mais capazes de construir pontes e lutar contra a superficialidade e a precipitação quando as problemáticas se complexificam. É esse o nosso objetivo.