Numa época tendente à superficialidade, verdades subjetivas e crendices espalhadas pelo TikTok, mais do que nunca os nossos alunos precisam de ferramentas que os ajudam a pensar por si mesmos, a olhar criticamente para o mundo que os rodeia e perceber a adição às redes sociais que assola a sua geração, a descrença na política que só alimenta mais o risco de propostas populistas, bem como o desinteresse pelas causas que precisam urgentemente do compromisso de todos, como o cuidado da nossa Casa Comum.
É com esta preocupação que a Academia surge no Colégio, e convida os alunos dos vários ciclos a reunirem-se uma vez por semana, se quiserem, para debaterem temas da atualidade (na Academia do 3º ciclo), deixarem-se sensibilizar pela natureza e a ecologia (na Academia do 2º ciclo) e para lerem e discutirem as grandes obras distópicas de Orwell, Huxley e outros, que nos ensinam a ver os perigos da nossa sociedade e a combatê-los (na Academia do Secundário).
Tem sido com grande satisfação que as professoras responsáveis por dinamizar as Academias nos diferentes ciclos têm visto alunos novos, todos os anos, acorrerem à sala onde reúnem à hora do almoço. O que os move? Provavelmente, ter um espaço específico onde possam expressar as suas preocupações para problemáticas que intúem ser importantes. Um espaço onde quem não se sente realizado só no desporto ou no entretenimento típico destas idades, e se sente atraído por discussões diferentes, temáticas mais introspetivas, intelectuais ou políticas, se encontra para explorar a sua identidade talvez um pouco "fora da caixa", mas por isso mesmo tão preciosa.
É na Academia que desejamos poder oferecer essa abertura aos nossos alunos, sonhando juntos uma cidadania mais comprometida, crítica e corajosa na sua proposta de mudança.
Como disse Ray Bradbury, autor de "Fahrenhei 451", a obra distópica que lemos este período, na Academia do Secundário:
«Um dia construiremos a maior máquina escavadora da história e cavaremos o maior buraco de sempre para lá metermos a guerra e a enterrarmos. Por agora, construiremos uma fábrica de espelhos para fabricarmos espelhos atrás de espelhos no próximo ano, em que possamos ver-nos todos muito bem.»